sábado, 18 de junho de 2016

"Só Posso Me Ofender Se Não Me Conhecer" ● Leandro Karnal



Vídeo para reflexão e estudo - Uma analise   baseada na frase "Ser ou não ser, eis a questão" (do original em inglês: To be or not to be, that is the question). Parte integrante da peça " A tragedia de Hamelet, príncipe da Dinamarca," ( encontra-se no ato 3,cena 1). de William Shakespeare.










  Após leitura de um fragmento da Obra  Shakespeana, com um olhar psicanalítico podemos observar  diversos pontos a serem examinados  no contexto inconsciente do Príncipe Hamelet. Há uma construção conflituosa na relação edipiana,  evidenciado no desejo incestuoso pela figura materna . Em outro contexto,  identificou-se tentativa  de simular  uma pseudo insanidade, avaliada como uma ação inconsciente cuja pretensão são os  ganhos secundários, ou seja,    trazer  a atenção  para si. Sendo estes episódios característicos também da neurose histérica  conversiva, visto a necessidade da atenção do outro,  associada a intensa carga de afeto e emoções reprimidas.  Parte da formação desta estrutura, se estabelece em função do modo que se vivenciou o complexo de Édipo, os investimentos objetais mostram-se facilmente móveis e variados. Assim como Hamelet, o indivíduo histérico possui aspectos no qual, quando não  superam a sua escolha objetal primitiva, fixam -se nela de tal forma que ao surgir alguma frustração posterior, retornam ao objeto. Concluindo-se  que estes conflitos internos  agrega soma de desejos,  recalques da infância,  consumado por uma crise existencial, expresso na frase "Ser ou não ser eis a questão." 
            

Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre

Em nosso espírito sofrer pedras e flechas

Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja,

Ou insurgir-nos contra um mar de provocações

E em luta pôr-lhes fim? Morrer.. dormir: não mais.

Dizer que rematamos com um sono a angústia

E as mil pelejas naturais-herança do homem:

Morrer para dormir... é uma consumação

Que bem merece e desejamos com fervor.

Dormir... Talvez sonhar: eis onde surge o obstáculo:

Pois quando livres do tumulto da existência,

No repouso da morte o sonho que tenhamos

Devem fazer-nos hesitar: eis a suspeita

Que impõe tão longa vida aos nossos infortúnios.

Quem sofreria os relhos e a irrisão do mundo,

O agravo do opressor, a afronta do orgulhoso,

Toda a lancinação do mal-prezado amor,

A insolência oficial, as dilações da lei,

Os doestos que dos nulos têm de suportar

O mérito paciente, quem o sofreria,

Quando alcançasse a mais perfeita quitação

Com a ponta de um punhal? Quem levaria fardos,

Gemendo e suando sob a vida fatigante,

Se o receio de alguma coisa após a morte,

–Essa região desconhecida cujas raias

Jamais viajante algum atravessou de volta –

Não nos pusesse a voar para outros, não sabidos?

O pensamento assim nos acovarda, e assim

É que se cobre a tez normal da decisão

Com o tom pálido e enfermo da melancolia;

E desde que nos prendam tais cogitações,

Empresas de alto escopo e que bem alto planam

Desviam-se de rumo e cessam até mesmo

De se chamar ação.""[...]


           
          Saliento que o acima descrito, compõe apenas parte, um  fragmento, uma pincelada, desta extensa e profunda  Obra. Em breve no blog uma abordagem completa, trazendo outros olhares, construções, analises e percepções psicanalítica.  

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