sábado, 23 de novembro de 2013

ANÁLISE SOBRE O FILME ‘ABUSO SEXUAL’


Alis Tatiana Minervin 

Sabemos que o abuso sexual, principalmente relativo a crianças tem tido constante espaço em noticiários e se tornando assim um grave problema social neste país e no mundo como um todo.

Nos Estados Unidos, o National Center on Child Abuse Prevention Research estimou em 1992 que 20% das mulheres e 7% dos homens americanos teriam sido vítimas, pelo menos uma vez, de abuso sexual na infância (MARQUES, 1994).

Vários órgãos públicos nacionais ou internacionais alertam, no entanto, que estes índices são frequentemente subestimados e crescentes. Existe bastante evidência histórica de que o abuso sexual de crianças tem sido em vários aspectos, uma característica de todas as gerações e de cada cultura. Entretanto, foi somente a partir de meados deste século, particularmente na última década, que a atenção do público em geral e dos acadêmicos, em particular, se concentrou profundamente neste assunto.
No filme apresentado que é baseado em fatos reais, dirigido por Donald Wrye mostra o drama real de três irmãs que foram obrigadas a processar o próprio pai por abuso sexual, que aconteceu quando elas ainda eram crianças. Já adultas é que o caso veio à tona, chocando a opinião pública americana e do mundo inteiro.

O abuso sexual aparece como uma forma específica de violência contra a criança, que diz respeito ao envolvimento desta em atividades sexuais que violam tabus sociais e de papéis familiares, e às quais não são capazes de dar um consentimento maduro (FURNISS, 1993).

O que foi mostrado no filme parece hoje ser um assunto mais comum do que se possa imaginar, já que ele está relacionado aos indicadores físicos, comportamentais e psicológicos apresentados pelas crianças abusadas. O termo “abuso sexual” como a própria palavra demonstra, apresenta indicadores que são apenas sinais de alerta para a possibilidade de abuso sexual infantil.
Desta forma, ao pensar no que as meninas, hoje mulheres, que são mostradas no filme, fazem parte de atuais dados, a probabilidade de abuso sexual deve ser avaliada diante de uma série de técnicas que podem incluir entrevistas clínicas com a criança e membros da família, observações sobre a brincadeira da criança, o uso de desenhos e outras técnicas projetivas e observações das interações da família.

A violência sexual contra a criança ocorre em todos os grupos sociais e em toda a estrutura de classes. Entre os ricos a violência contra a criança é ocultada para proteger a família, o agressor ou a criança de efeitos estigmatizantes. Entre os pobres o abuso permanece pouco visível porque famílias de classe baixa normalmente não esperam ajuda da polícia ou das instituições sociais e não notificam a violência (AZEVEDO E GUERRA, 1993).

Neste filme, que também tem uma versão em documentário que pode ser encontrado no Youtube, é possível observar que ele é contado através de flashbacks, mostrando o drama das três irmãs foram abusadas sexualmente pelo próprio pai por abuso sexual, cometido quando ainda eram crianças.
Geralmente, o abuso sexual cometido em crianças fica cercado por silêncio, tendo em vista que este é um ato que envolve medo, vergonha, culpa, e que lida com alguns tabus culturais, já que envolve sexo com crianças, e aspectos das relações de interdependência. O silêncio pode ser compreendido como uma tentativa de preservar o núcleo familiar, evitando dar-se conta da contradição existente entre o papel de proteção esperado da família e a violência que nela se dá.
Ao compararmos com a maioria das crianças, as vítimas de abuso sexual mediante incesto, podem apresentar um comportamento exageradamente submisso, que sempre vem acompanhado de uma alta dose de insegurança. Estas crianças têm cada aspecto de suas vidas frequentemente manipulado. Elas não têm controle sobre o que acontece com seus corpos e possivelmente pouca escolha nos acontecimentos diários, como por exemplo escolher seus amigos. O resultado desta situação é uma incapacidade crescente de tomar o controle de vários aspectos de suas vidas.
No caso das três meninas do filme, elas cresceram e conseguiram justiça, se tornando mulheres fortes e que mesmo com traumas, conseguiram superar a vida.

REFERÊNCIAS
AZEVEDO, M.A. & GUERRA, V. (org.) Crianças Vitimizadas: a síndrome do pequeno poder. São Paulo: Iglu, 1989. Disponível em: <http://www.adriananunan.com/pdf/adriananunancom_abuso_sexual.pdf> Acesso em 02 nov. 2013.

FURNISS, T. Abuso Sexual da Criança – uma abordagem multidisciplinar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993. Disponível em: <http://www.adriananunan.com/pdf/adriananunancom_abuso_sexual.pdf> Acesso em 02 nov. 2013.


MARQUES, M.A.B.. Violência doméstica contra crianças e adolescentes. Petrópolis: Vozes, 1994. Disponível em: <http://www.adriananunan.com/pdf/adriananunancom_abuso_sexual.pdf> Acesso em 02 nov. 2013.

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